Campo Bom, 03 de Novembro de 2021. , REQUERIMENTO
Excelentíssimo Alexandre Olavo Hoffmeister Presidente da Câmara Municipal de Campo Bom
O vereador que subscreve requer que após trâmites regimentais seja apreciado e votado pelos parlamentares e se aprovado encaminhado ao prefeito Luciano Orsi o seguinte REQUERIMENTO: que seja efetuado um estudo para trazer as emergências climáticas para dentro das salas de aula. A educação é uma ferramenta essencial para transformar as relações da sociedade com a natureza e definir novos parâmetros de desenvolvimento. A mobilização e o engajamento do campo da educação são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades e comportamentos ambientalmente responsáveis” O combate às mudanças climáticas, antes tido como um assunto distante para maior parte da população, está cada vez mais no centro das atenções. A realização da Conferência do Clima, em Glasgow, em novembro, coloca a questão ainda mais em evidência. O momento é de balanço do que foi efetivamente cumprido do Acordo de Paris (2016), quando 196 países se comprometeram a seguir medidas para redução da emissão de gases e, assim, desacelerar o aquecimento global. Segundo relatório divulgado pelo Organização das Nações Unidas, o número de desastres causados pelas mudanças climáticas aumentou cinco vezes nos últimos 50 anos, matando mais de 2 milhões de pessoas (91% delas em países em desenvolvimento, como o Brasil) e custando US$ 3,64 trilhões em perdas totais. Os dados abrangem cerca de 11 mil desastres ocorridos entre 1979 e 2019, como secas, tempestades e enchentes. No Brasil, os incêndios no Pantanal em 2020, que consumiram 26% do bioma, e as tempestades de areia no interior paulista em outubro de 2021 – provocando mortes além de afetar o funcionamento de escolas e o fornecimento de água e energia em 12 cidades – são apontados como exemplos de fenômenos recentes decorrentes das mudanças climáticas. O enfrentamento do problema passa pela criação de novos hábitos e pela inserção do tema na formação das novas gerações. A educação desempenha, portanto, papel fundamental nessa tarefa. EDUCAÇÃO CLIMÁTICA NO CURRÍCULO Cientes da centralidade da educação para construção de mundo mais sustentável, em maio deste ano, ao final de uma Conferência Mundial virtual, mais de 80 ministros e vice-ministros, além de 2,8 mil atores envolvidos com a educação e o meio ambiente, se comprometeram a tomar medidas concretas para transformar a aprendizagem para a sobrevivência de nosso planeta, ao adotar a Declaração de Berlim sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS). Na ocasião, foram apresentados os resultados de pesquisa feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), realizadora do evento, que analisou os planos e os currículos de educação de 50 países. O estudo revela que mais da metade desses planos e currículos não fazem qualquer referência à mudança climática, e apenas 19% deles tratam sobre biodiversidade. A entidade fez um pedido para que a EDS seja um componente central de todos os sistemas educacionais, em todos os níveis, até 2025. “Devemos nos concentrar não apenas na expansão do acesso e na melhoria dos resultados da aprendizagem, mas também no tipo de educação necessária em nosso mundo. A Educação para o Desenvolvimento Sustentável estará no centro da reimaginação da educação”.
Amina Mohammed Secretária-geral adjunta da ONU No Brasil, a educação ambiental está prevista em uma série de normativas, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (2012) e, mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular, onde figura entre as competências gerais – conforme abordamos nessa edição do boletim Aprendizagem em Foco. Porém, na prática, o debate sobre o tema ainda é incipiente nas escolas. É o que parece apontar a pesquisa “Reimagining – educação climática e liderança jovem” (julho/2021), divulgada pela Plan International no último mês de julho. Mais de 1.800 adolescentes e jovens de 37 países com idades entre 15 e 24 anos foram ouvidos. A maioria (81%) apontou a escola como principal fonte de aprendizado sobre mudanças climáticas, à frente das redes sociais (69%) e da internet (57%). Porém, um em cada cinco adolescentes classificou a educação sobre o tema como “precária” ou “muito precária”. A maioria (86%) considerou as informações que recebe sobre o assunto como insuficientes ou muito genéricas e não aplicáveis à sua realidade (49%). A despeito da desinformação, 98% declararam estar preocupados com a emergência climática e só 11% foram ensinados a participar dos processos de tomada de decisão. Uma mobilização realizada em agosto deste ano também confirma o interesse e a demanda juvenil por essa temática. No Dia Internacional da Juventude (12 de agosto), 12 jovens de 16 a 24 anos, representando 8 estados brasileiros (CE, MS, PA, PE, PB, RJ, SP, RS), lançaram o Manifesto Jovens pela Educação Climática – Por uma Educação Climática no Ensino Básico Brasileiro. A iniciativa é uma parceria entre o Fridays for Future e o Climate Reality Project Brasil (braço da organização global fundada em 2006 pelo ex vice-presidente dos EUA Al Gore). “A gente demanda que a educação climática e socioambiental seja implementada em todos os institutos de educação básica do Brasil. Com isso, a gente quer dizer que já deu de a gente só falar de pequenas ações individuais e que tem uma calota de gelo derretendo... não dá mais só para falar em ‘repensar, reutilizar, reciclar’. Tá na hora de a gente ter uma mudança de estrutura, de sistema”. Katley Ellen Jovem liderança formada pelo Climate Reality Project Trecho do Manifesto Jovens pela Educação Climática “Temos esperança no poder transformador da educação. Ela é capaz de engajar, mudar, conectar e transformar jovens agentes do presente, que irão garantir um futuro saudável para a humanidade e todos os outros seres que convivem conosco neste planeta. Chamamos, então, toda a sociedade, a juventude, escolas, professores e coordenadores, a ocuparem papéis ativos contra as mudanças climáticas e lutarem por uma educação que revolucione.” UM FUTURO MELHOR Nas escolas, a partir da iniciativa de professores e gestores, projetos têm sido realizados com o objetivo de estimular o olhar para o contexto local e propor uma reflexão sobre o cuidado com o entorno, ao mesmo tempo em que são trabalhados conteúdos presentes no currículo. Docentes que lideraram iniciativas nesse campo afirmam que o ensino conectado a questões presentes na realidade dos estudantes, além de promover a consciência socioambiental, facilita o aprendizado – e não só nas áreas de ciências naturais mas nas mais diversas disciplinas. Na E.E.E.F.M. São Luís, localizada em Santa Maria de Jetibá (ES), o professor Alexandre Portes Ribeiro, que leciona Matemática, desenvolveu um projeto junto com os alunos cujo tema era o uso de agrotóxicos pelos agricultores locais. Após a pesquisa inicial sobre o assunto na internet, em jornais e revistas, eles partiram para o trabalho de campo. Cada aluno visitou uma propriedade rural e coletou informações sobre a utilização ou não de acessórios de proteção pelos agricultores para manejo dos agrotóxicos, como era feito o descarte das embalagens (que deve seguir parâmetros definidos pela legislação), entre outras questões. Também realizaram visitas a uma escola agrícola e a uma propriedade de orgânicos para poderem compararem os dois modelos de produção. A etapa seguinte consistiu na organização de uma feira científica aberta à comunidade, em que foram expostos maquetes, banners, vídeos e painéis com o objetivo de promover a conscientização dos agricultores locais sobre o uso correto de agrotóxicos. O projeto envolveu ainda uma ação inédita: em parceria com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) e a Secretaria do Meio Ambiente, foi realizada a coleta de 1.813 embalagens de agrotóxicos. “Eles próprios fizeram a coleta de dados, a montagem dos gráficos e depois as análises. Em duas, três aulas, aprenderam o que às vezes levariam dois, três meses. A comunidade viu que a nossa escola está viva. O que o aluno aprende aqui, ele está levando para fora. Sem contar que muitos desses alunos são produtores rurais, são o futuro. Eles aprenderam a usar os equipamentos de proteção e os agrotóxicos de forma correta e respeitando o meio ambiente. Com certeza nós teremos um futuro muito melhor na nossa comunidade” Professor Alexandre Conhecido pelos alunos como “Xandão” Aprendizagem em Foco é uma publicação quinzenal produzida pelo Instituto Unibanco. Tem como objetivo adensar
Sem mais nada a solicitar, expresso nossos mais sinceros votos de estima e consideração.
Jair Wingert Vereador do Progressistas.
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Documento publicado digitalmente por JUNIOR LOPES DA ROSA em 03/11/2021 às 15:29:51.
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