Campo Bom, 19 de Fevereiro de 2024 Excelentíssimo Senhor Vereador Prof. Jéferson Nunes M.D Presidente da Câmara de Vereadores de Campo Bom REQUERIMENTO _______/2024 Os vereadores que subscrevem requerem que após tramites regimentais, seja apreciado e deliberado pela Comissão de Homenagens desta colenda Câmara o seguinte requerimento: Solicitamos que seja prestado uma homenagem a IGREJA EVANGELICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL – IECLB DE CAMPO BOM. JUSTIFICATIVA Diante do exposto, esta homenagem se torna necessária, com o intuito de reconhecer e prestar uma justa e perfeita homenagem a Comunidade Evangelica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB que este ano completa 196 de existência, culminando com os 200 anos da imigração alemã no Brasil. Esta homenagem no Legislativo se faz necessária para resgatar nossa história e manter viva nossa tradição. Também solicitamos que neste dia seja convidado o CORAL DA COMUNIDADE para abrilhantar a parte cultural dentro da sessão de homenagem. Sugerimos que a mesma seja realizada na última quarta-feira de junho (26.06) do corrente ano. Sem mais nada a solicitar, expresso meus mais sinceros votos de estima e consideração
________________________ Jair Wingert. Vereador do Progressistas
-------------------------------- Jerri Moraes. Vereador do MDB.
HISTÓRICO A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom 196 Anos de Luteranismo e 200 De Imigração
*Por Roberto Atkinson e Liste Riter A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom se encontra localizada na Avenida Brasil, 2540. A ocupação territorial de Campo Bom, onde a comunidade está inserida, iniciou com a implantação de uma estrada geral, que depois se transformaria na atual Av. Brasil (principal via urbana da cidade), como área integrante da colônia alemã de São Leopoldo, criada em 1824. Estas terras, segundo a carta topográfica de Müzzel, se estabeleciam, parte na picada denominada Costa da Serra, a esquerda no sentido Novo Hamburgo a Sapiranga, parte na picada Estancia Velha a direita, mais a área total da picada Quatro Colônias e parte da picada Padre Eterno do Campo. Os primeiros imigrantes que colonizaram as terras de Campo Bom, eram provenientes de diversos Estados Germânicos, chegaram inicialmente na Colônia de São Leopoldo no ano de 1824. E posteriormente, a partir de 1825, os imigrantes germânicos, em sua maioria evangélicos, foram alocados em Campo Bom. Eles se deslocaram de barcos, através do Rio Dos Sinos, até a localidade que viria a ser chamada de Porto Blos. Uma das características dos imigrantes germânicos foi a sua grande religiosidade e, esta uniu os habitantes, independente de credo, posto que somente em 1928, foi criada a primeira Capela Católica em Campo Bom. Existem notícias de que o imigrante católico e tecelão de linho e algodão, João Pedro Hirt, doou uma parte de suas terras, para a edificação da primeira igreja evangélica, em 1828. Nos primórdios da imigração alemã se verificava a tradição de construir junto as igrejas, as escolas e os cemitérios. Em Campo Bom, o imigrante João Jacob Dreyer, doou uma área de terras em frente à igreja para a implantação do cemitério evangélico, no qual também eram sepultadas pessoas de outras congregações religiosas. Segundo o pastor Helmuth Culmann em sua crônica, escrita entre os anos de 1930 e 1931, intitulada “História Da Igreja e Da Escola De Campo Bom Na Perspectiva Local” e o historiador Carlos Henrique Hunsche, salienta que o primeiro pastor que prestou serviços à comunidade de Campo Bom em 1827, foi o pastor Johann Georg Ehlers de São Leopoldo. O pastor Frederico Cristiano Klingelhoeffer, foi primeiro pastor oficial de Campo Bom e sob sua liderança em 1828 foi construída uma igreja, rústica de madeira. Esta igreja também era utilizada como escola evangélica luterana, a primeira criada no sul do Brasil. Aos domingos, o Pastor Klingelhoeffer pregava a palavra de Deus e durante a semana ministrava aulas aos filhos dos colonos evangélicos e católicos. Ante a existência dessa pequena igreja, a partir de 1829, Campo Bom tornou-se por muitos anos a base pastoral para os cristãos evangélicos das localidades de Estância Velha, Hamburgo Velho, Dois Irmãos, Ivoti, Quatorze Colônias, Picada 48, São José do Hortêncio e Linha Nova, ou seja, do lado direito do Rio dos Sinos. Durante o pastorado de Otto Heinrich Theodor Recke, a 26 de junho de 1850, foi lançada a pedra fundamental da Igreja de alvenaria, atualmente denominada Igreja Antiga ou, Igreja da Trindade I, cuja inauguração ocorreu em 9 de fevereiro de 1851. Ela foi construída em substituição e no mesmo lugar onde fora construída em 1828 uma igreja rústica de madeira coberta por tabuinhas pelo pastor Frederico Cristiano Klingelhoeffer, terreno doado por João Pedro Hirt. Foi sob o pastorado de Johann Friedrich Pechmann que a comunidade adquiriu com o auxílio da instituição denominada “Obra Gustavo Adolfo” da Alemanha, os seus dois primeiros sinos, um grande e outro pequeno, foram fundidos especialmente para a comunidade evangélica de Campo Bom, em 1895, na cidade de Bochum, Westfalen, Alemanha. Ambos sinos, posteriormente, foram transferidos em 1976 com a desativação da antiga igreja da Trindade I para a torre da Nova Igreja da Trindade II onde se encontram atualmente. Inicialmente os dois sinos foram colocados em uma torre de madeira edificada ao lado da Igreja Antiga. Em 1915 já não era mais possível tocá-los, pois as madeiras estavam soltas e apodrecidas. Em 28 de outubro de 1917 houve o lançamento festivo da pedra fundamental da torre. No ano seguinte, a comunidade construiu uma torre, de alvenaria na parte frontal da igreja, criando assim uma nova fachada para o templo religioso. Em 1918 a torre já estava edificada e os sinos voltaram a tocar, regularmente, três vezes por dia. Quando ocorreu a inauguração da torre foram ainda inaugurados uma nova pia batismal, um novo púlpito e um novo altar. Durante o pastorado de Johannes Friedrich Pechmann, em 1901 foi assinado o tratado de divisa entre a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom e a de Sapiranga. Em 1905 foi registrado oficialmente em cartório, o primeiro estatuto da nossa comunidade. Este estatuto sofreu algumas alterações em 1952 e foi substituído completamente em 2004 que, por sua vez sofreu alterações em 2010 com a mudança do nome da comunidade por orientação do Sínodo Rio dos Sinos. Até esta data o nome da comunidade era “Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Campo Bom”. Após a alteração passou a ser “Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom”. Foi durante o período do pastorado de Hellmut Culmann que a comunidade evangélica comemorou o seu centenário em 04 de novembro de 1928. Ao lado da Igreja Trindade I se encontra o monumento que registra o centenário. Neste monumento, existe, abaixo da “Rosa de Lutero”, uma placa com a seguinte inscrição em alemão: “1828-1928 Zur erinnerung na die errichtung der ersten Deutsch-Evangelischen Kirche in Rio Grande do Sul zu Campo Bom” “(Tradução: 1828-1928 Em memória a fundação da primeira Comunidade (Igreja) Evangélica Alemã no Rio Grande do Sul em Campo Bom” pois a Comunidade oficialmente foi fundada, segundo a documentação, em 2 de fevereiro de 1828. No ano de 1939 foi adquirido, de Edmundo Bohn, um órgão musical instalado na igreja antiga, que foi inaugurado em 31 de dezembro de 1939. Posteriormente foi transferido em 1976 com a desativação do mezanino da antiga Igreja da Trindade I para o mezanino da nova Igreja da Trindade II onde se encontra atualmente. Em 07 de agosto de 1948 foi instalado na torre da igreja antiga um relógio elétrico, fabricado pela Firma Schwaertner, empresa do município de Estrela, doado por Gustavo Adolfo Vetter à comunidade evangélica. Posteriormente, foi transferido em 1976 com a desativação da antiga Igreja da Trindade I para a torre da nova Igreja da Trindade II onde se encontra atualmente. Entre 1948 e 1949 o prédio da igreja antiga foi reformado, recebeu obras de manutenção, entre essas obras a construção de um mezanino, onde foi realocado o órgão musical, até o ano de 1976, quando o órgão foi transferido para a nova Igreja Trindade II. Na mesma ocasião foi acrescentada uma absíde para o altar e as janelas foram substituídas por doze vitrais, fabricados pela Vidraçaria Porto Alegrense, de Porto Alegre. Igualmente nesta reforma foi substituído o telhado e trocadas as telhas, de colonial para telhas francesas. Para a colocação dos novos vitrais e o novo telhado foi necessário levantar a altura das paredes por mais dois metros. As benfeitorias descritas acima foram inauguradas em 12 de junho de 1949, sob a presidência, na época, de Alfredo Blos. O desenvolvimento de Campo Bom, também se refletiu na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom, com o grande aumento de sua congregação, o que motivou a diretoria da Comunidade a adquirir o terreno de propriedade do Senhor Luiz Rothfüchs, existente ao lado da antiga igreja, objetivando a construção de uma nova igreja para abrigar todos os fiéis. Com a posse da terra ao lado da igreja antiga, em 10 de novembro de 1968, houve o lançamento da pedra fundamental do novo templo, com a presença do pastor Rudolf Schneider, sendo o presidente da Comunidade, o Senhor Osmar Alfredo Ermel e o pastor era Claus Volkmann. Já em 8 de novembro de 1970, ocorreu o primeiro culto na igreja nova, culto da cumeeira, oficiado então pelo pastor regional e 1o Vice-Presidente da IECLB, o reverendo Augusto Ernesto Kunert e o pastor da comunidade Claus Volkmann. Finalmente, a 30 de maio de 1976, ainda com o Pastor Volkmann, e na presidência de Elemar Becker, foi inaugurado o novo e atual templo da igreja da Trindade II - IECLB, de Campo Bom, que hoje se sobressai ao lado do antigo templo, igreja símbolo de Campo Bom, em plena Av. Brasil, na entrada do centro da cidade. Outro marco importante ocorrido na vida da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom foi à comemoração do sesquicentenário no ano de 1978 com uma variada programação distribuída durante o ano. A comemoração dos 175 anos da comunidade com culto festivo realizado em 9 de novembro de 2003 com a inauguração do centro evangélico que foi construído no pátio da comunidade. Ao mesmo tempo, também foi construído o novo Ginásio de Esportes Tiradentes já que o prédio antigo estava muito danificado principalmente por conta dos cupins. Era um prédio todo em madeira e tinha mais de quarenta anos de uso, foi demolido e no mesmo local foi construído um novo Ginásio em alvenaria com estruturas de ferro. Fato marcante para a Comunidade foi o tombamento, como patrimônio histórico e cultural de Campo Bom, da antiga Igreja da Trindade I pelo decreto municipal no 6.970 de 14 de dezembro de 2020. Cuja cerimônia oficial ocorreu em 31 de janeiro de 2021 pela ocasião da passagem da comemoração dos 62 anos de emancipação política de Campo Bom. Mas cabe-se ressaltar que, a população de Campo Bom, elegeu em 1994, através de uma enquete realizada pelo Município, a antiga Igreja Trindade I como Símbolo de Campo Bom, com a expressiva votação de, 1.157 votos. Como anteriormente mencionado, era costume de a imigração alemã manter junto a igreja uma escola. Não se pode deixar de mencionar que a escola criada “Gemeindeschule” em 1828 recebeu a sua cede própria em 1897 quando a Comunidade adquiriu de Jacob Spindler e sua esposa Carolina Spindler a área onde atualmente se localiza o Colégio Sinodal Tiradentes além do Ginásio de Esportes Tiradentes que pertence a Comunidade. Atualmente a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom possui cerca de 2250 membros entre ativos e inativos. Campo Bom se desenvolveu em torno da Comunidade Evangélica, pois ela foi o primeiro lugar de encontro dos primeiros moradores de Campo Bom e região. Nas dependências da Igreja Antiga, durante a semana, eram ministradas as aulas aos filhos dos moradores e nos domingos eram realizados os cultos religiosos prestigiados por todos, independente do credo religioso. Isto sem contar que nas suas dependências eram inicialmente realizadas também as reuniões onde foram tomadas decisões que levaram ao desenvolvimento de Campo Bom. Segundo o pastor historiador Martin Norberto Dreher, toda a região na margem direita do Rio dos Sinos que se estendeu em direção ao norte, esteve sob a responsabilidade do pastor, ou seja, da Comunidade Evangélica de Campo Bom até o ano de 1845. Trata-se das picadas: 14 Colônias, São José do Hortêncio, Linha Nova, Picada Café, Picada 48, Dois Irmãos, Ivoti, Hamburgo Velho e Estancia Velha. No ano 1846, residiam nessas localidades 2300 cristãos Luteranos e 1.521 católicos. A partir 1848 com vinda do Pastor Otto Heinrich Theodor Recke para Campo Bom, o atendimento foi estendido para a Colônia de Santa Maria do Mundo Novo, ou seja, os atuais municípios de Igrejinha, de Taquara e de Três Coroas. Houveram duas épocas culminantes que levaram a quase extinção da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom, mas os moradores se mobilizaram e não deixaram chegar à extinção. A primeira ocorreu em 1894, quando o Pastor Friedrich Pechmann assumiu o pastorado de Hamburger Berg e acompanhou as famílias evangélicas de Campo Bom, que no período estava reduzida a menos de 50 famílias e não tinham pastor, distribuídas entre Campo Bom, Quatro Colônias e Wisenthal no município de Novo Hamburgo. Outra crise se manifestou em 1912 quando foi feito uma contribuição financeira para a preservação da Igreja Evangélica em Campo Bom. O nome das pessoas que contribuíram nesta ocasião, tanto evangélicos quanto católicos, encontra-se atualmente num quadro com uma moldura artisticamente trabalhada. Tanto luteranos como católicos sempre trabalharam e viveram em comunidade e se ajudaram mutuamente, inclusive por volta de 1929/1930 quando foi erguida a Capela Santa Terezinha e a escola Católica onde membros evangélicos também contribuíram. Anteriormente os católicos, por não terem lugar para realizarem as suas cerimônias e sem padre para atendê-los, participavam das atividades da Comunidade Evangélica e também as crianças estudavam no Colégio Tiradentes. Enfim, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Bom sempre ajudou o municio de Campo Bom que cresceu ao seu redor e que a ajudou quando se encontrava em fase de crise e sempre estará pronta para auxiliar em todas as oportunidades vindouras. Mas é fato que a Comunidade Evangélica em Campo Bom é a primeira Comunidade Evangélica no sul do Brasil. Por este motivo, encontramos na entrada de Campo Bom o símbolo estilizado da IECLB no Memorial do Pioneirismo, que é um monumento criado para homenagear de forma representativa aqueles, que de alguma, foram os pioneiros em iniciativas colaborativas para a construção de Campo Bom. No mesmo Memorial, os livros estilizados representam a 1º Escola Particular e Evangélica do Sul do país, o Colégio Sinodal Tiradentes pertencente a Comunidade Evangélica. Podemos ainda mencionar como fatos marcantes para a História da nossa Comunidade ao longo dos 200 anos: A criação da OASE -Ordem Auxiliadora das Senhoras evangélicas em 04 de novembro de 1923. O surgimento do Grupo “Recordar e Viver” em 8 de junho de 1982. O canto coral esteve sempre presente ao longo dos anos, já o grupo de jovens iniciou na década de 1960 e grupo de casais na década de 1980. Atual presidente da comunidade é Gervasio Dirceu Kehl Michel e a comunidade tem como pastora, Cristiane Rubert.
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Documento publicado digitalmente por JUNIOR LOPES DA ROSA em 20/02/2024 às 14:04:15.
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